sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Como atuar passo a passo nas dificuldades em leitura e escrita


Diariamente, recebo, por e-mail, entre 20 a 40 mensagens, solicitando-me informações sobre dislexia, disgrafia e disortografia: como ajudar meu filho em minha casa? Como ajudar meu aluno em sala de aula? Neste artigo, apresentamos três passos para uma boa atuação dos profissionais em psicopedagogia, que atuam no campo da linguagem: (a) aprender a conhecer bem os conceitos de dislexia, disgrafia e disortografia; (b) Ler ou ouvir atentamente os relatos de dificuldades de aprendizagem de leitura, escrita e ortografia por parte de pais, educadores ou os próprios educandos e (c) Ler para atuar as principais referências de leitura na área psicopedagógica.
O primeiro passo é o seguinte: compreensão dos principais conceitos das dificuldades de aprendizagem em lectoescrita em sala de aula. Para tanto, no segundo passo, reproduzirei alguns relatos para apreciação dos psicopedagogos que trabalham a intervenção clínica ou instituicional no seu campo de atuação profissional.
Uma primeira questão é a seguinte: sem conhecimento teórico sobre leitura, escrita e ortografia nenhum profissional de psicopedagogia pode atuar eficaz e eficientemente no campo das dificuldades de aprendizagem em leitura, escrita e ortografia.

Comecemos, então, por alguns termos fundamentais para atuação dos profissionais em psicopedagogia que lidam com dificuldades de aprendizagem relacionadas com a linguagem.
Um primeiro termo a considerar é queixa. O que é a queixa? No âmbito psicopedagógico, adotamos o termo queixa por entendermos que qualquer dificuldade de aprendizagem relatada pelo educando, em sala de aula ou no lar, é relevante para o atendimento educacional e a tomada de providências pedagógicas. relatado pelo paciente. A queixa discente é, pois, aquela que, na opinião do educando, é a mais importante de todo o seu relato pedagógico e que terminou por levá-lo ao baixo rendimento escolar.

A queixa se constitui um item em separado e importante da anamnese. No âmbito da psicopedagogia clínica, a anamnese refere-se ao histórico que vai desde os sintomas ou queixas iniciais do educando até o momento da observação psicopedagógica clínica, realizado com base nas lembranças do educando e nas avaliações de desempenho do aluno. Um outro termo relacionado com a anamnese é catamnese que indica o registro da evolução de um educando desde que observado e diagnosticado com dificuldade de aprendizagem após ter feito exames psicopedagógicos.

Compreendidos o conceito de queixa e o de anamnese, a noção de diagnóstico é imprescindível para o trabalho psicopedagógico, uma vez que os pais, em geral, têm grande expectativa com relação ao que o psicopedago irá dar de informação e orientação sobre sua intervenção clínica ou institucional. Assim, o termo é entendido aqui como a fase em que o educador ou gestor pedagógico, procura com a orientação psicopedagógica, a natureza e a causa da DA (Dificuldade de Aprendizagem). Em sala de aula, o educador pode proceder com um diagnóstico diferencial informal, onde descarta a possibilidade de distúrbios orgânicos que apresentem sintomatologia comum com a dificuldade apresentada pelo educando. A etimologia da palavra diagnóstico revela que a palavra diagnóstico vem do grego diagnóstikós e quer dizer \'capaz de distinguir, de discernir\'.

Termos com dislexia, disgrafia e disortografia devem ser bem entendidos pelos psicopedagogos. No caso da dislexia, tanto pode ser compreendido a partir dos aportes teóricos da Medicina ou da Psicolingüística. A dislexia refere-se à perturbação na aprendizagem da leitura pela dificuldade no reconhecimento da correspondência entre os símbolos gráficos e os fonemas, bem como na transformação de signos escritos em signos verbais. Tem também a acepção de dificuldade para compreender a leitura, após lesão do sistema nervoso central, apresentada por pessoa que anteriormente sabia ler.

A disgrafia tem uma natureza ou etiologia mais patológica. Na Neurologia, termo refere-se à perturbação da escrita por distúrbios neurológicos.

A disortografia, no âmbito da psicolingüística, refere-se à dificuldade no aprendizado e domínio das regras ortográficas, associada à dislexia na ausência de qualquer deficiência intelectual. Sua etimologia: dis- + ortografia.

Vamos agora ao segundo passo. Darei a seguir exemplos de casos de queixas de pais e educadores sobre educandos que apresentam dificuldades lectoescritoras (leitura, escrita, ortografia e cálculo).
No primeiro relato, a mãe diz que tem " uma filha de 8 anos que está na segunda série mas que até o momento não consegue ler. Ela só começou a falar, de uma forma que outras pessoas pudessem entender, depois dos 4 anos. Até o momento ela não consegue pronunciar o /r/ e tem dificuldades para pronunciar palavras com mais de três sílabas. Minha filha freqüenta a educação infantil desde os dois anos e meio, tem um irmão de 12 anos que não apresentou essas dificuldades, sempre teve acesso a um ambiente que privilegiou a leitura. Também desde os 3 anos ela tem atendimento fonoaudiológico e psicopedagógico. Não tem problemas auditivos, neurológicos ou visuais. Na escola que freqüente embora ela não tenha atingido os objetivos da primeira série, optou-se para que ela fosse para a segunda série porque se verificou que houve avanço no aprendizado dela e pela questão afetiva, o relacionamento com a turma.Num exame realizado por fonoaudiólogos, disseram que ela tinha problemas no processamento auditivo central. Estou muito angustiada o que me leva a buscar ajuda e escrever, e peço desculpas por estar ocupando seu tempo. Tenho um pouco de medo de rótulos, principalmente aqueles que estão na moda e atribuem toda dificuldade de aprendizagem ao fato da criança ser DDA, como estão sugerindo e empurrando Ritalina. Acredito que não seja dificuldade de aprendizagem, mas uma nova forma de aprender, mas eu, como mãe, não consigo enxergar como tímida e as escolas, pelo visto, também não"

Um segundo caso a mãe revela que sua filha é " uma linda menina de 9 anos que tem dislexia, ela esta na segunda serie e apesar dos meus esforços, continua tendo dificuldade na leitura e escrita.Não temos recursos para leva-la a uma fonoaudióloga particular"

Um terceiro caso é uma senhora aos 40 anos que descobre, de forma tardia, sua síndrome disléxica. Assim se diz "tenho 40 anos sou estudante do 3º período de pedagogia e sempre tive muita dificuldade em cálculos. Somente nesse período da faculdade, na matéria Alfabetização e Letramento ouvi falar em dislexia e cheguei a conclusão agora que li seu artigo sobre a referida doença que tenho esse problema. Será que na minha idade ainda pode haver cura? Será que tenho condição de ser uma professora? Infelizmente não tive uma boa alfabetização. Fui alfabetizada na roça, vim para cidade cursei a segunda série antigo primário numa cidade do interior onde estudei até o segundo ano do Normal. Mudei para o Rio de Janeiro onde cursei o segundo grau por sistema de crédito um ano e meio para concluir o segundo grau, sempre com muita dificuldade depois de 10 anos voltei a estudar pedagogia o que sempre foi meu maior sonho, mais estou tendo muita dificuldade devido a esse problema.Gostaria muito de um auxilio"

Um quarto caso é o de um pai de 26 anos que descobre a dislexia do filho de de sete anos. "pelos sintomas descritos creio que eu possa ser disléxica e meu filho que tem 7anos, o mesmo não memoriza o alfabeto, faz troca de algumas silabas, peço que me responda o que posso fazer ?"
Um quinto caso é bem interessante e é muito bem escrito pela mãe. "Tenho uma criança de 6 anos e 7 meses que recentemente me tem apresentado algumas alterações na escrita e na leitura.Note.se que ela está conosco desde Janeiro e nessa altura não apresentava estas dificuldades.É uma criança que chegou a nós com uma linguagem e vocabulário muito pobre, linguagem frequentemente à bebê... Tem evoluído muito desde Janeiro, mas nas últimos 15 dias apresenta estas alterações que lhe vou falar. ESCRITA �DITADO:ESCREVE: - viva (orginal é VIVE) - lustar (original é ILUSTRA)a (original é AL) Vide (original é VIDA)ixa (original é PEIXE)- Do (original é DA)CÓPIA:ESCREVE: - do (original é DA)dios (original é DIAS)- Rodos (original é RODAS)- no (original é NA) � batatas (original é BATATES) � Xilofona (original é XILOFONE)"

Um sexto caso é relato por uma professora que seu aluno comete erros "do tipo professoura em vez de professora , boua em vez de boa.Como podemos classificar estes erros, aqui ocorre uma ditongação pela criança por qual motivo?"
Um sétimo caso é também relatado por uma professora diante de um quadro de dificuldades lectoescritoras em sala de aula: " Tenho uma aluna que está na 3ª série e além de ter algumas dificuldades na leitura e na escrita, também apresenta um déficit fonológico. Ela não consegue emitir o som da letra g, troca pelo che. E também troca o d pelo t.Gostaria de saber se você poderia me orientar sobre o que fazer para orienta-la. A mãe já consultou fonoaudiólogos e parece que nada adiantou. Desculpe por incomodá-lo, mas gostei da maneira como abordou o problema e espero poder contar com sua orientação"

Um oitavo caso é relatado assim: " Fui chamada na escola de meu filho porque ele tem problemas com a escrita, faz trocas de letras como v/f, d/t, ele tem 9 anos está na terceira serie, pediram para que o leve para fazer uma avaliação com uma fono, queria saber se este caminho que devo seguir, ou o que devo fazer".

Um novo caso é relatado por uma profissional de Letras: "Tenho um filho de 9 anos extremamente inteligente e que desde a pré-escola demonstra um nível de inteligência surpreendente, por outro lado não faz lição, não copia, e apesar disso só tem boas notas, verbalmente ele é excelente mas na parte da grafia não consegue acompanhar a classe, ano passado concordei com a reprovação dele na 2º série como forma de punição, pois achava ele preguiçoso. A situação vem se agravando pois ele está ficando agressivo com os colegas da escola, se acha burro, mas tem conhecimento de todo conteúdo dado em sala de aula. Quanto a sua inteligência não há o que questionar. Gosta de ler, mas somente livros com pouco conteúdo, pois fala que se atrapalha com muitas palavras. Na escola ele tem até tentado copiar as lições, mas se tira o olhar do caderno não consegue retornar de onde parou e desiste. Estou cursando o 6º ciclo do curso de letras e como meu filho imagino ter muitas crianças, jovens e adultos com as mesmas dificuldades. Como posso ajudar meu filho?"

O décimo caso é relatado assim: " ...tenho notado que meu filho de 9 anos, atualmente cursando a 3ª série apresenta dificuldade de leitura e tende a trocar letras como "b e d" e se confunde com o som de sílabas como "se e es", o que, segundo seu artigo, enquadra-se em um caso de dislexia pedagógica. O processo de alfabetização do Leonardo foi deficiente, pois ele não chegou a cursar o pré-primário, passou do 2º período pré-escolar diretamente para a 1ª série do ensino fundamental. Embora ele não tenha dificuldade de compreensão e entendimento, apresenta uma leitura difícil e lenta, muitas vezes se perde durante a leitura de uma frase, como se apresentasse uma distração na hora de ler. Gostaria de uma orientação de como minha família deve proceder para examina-lo. A quem devo recorrer?"
O terceiro passo refere-se à formação do psicopedagogo. Para atuar, há, pois, como disse, necessidade de se conhecer. Eis uma pequena sugestão de bibliografia para leitura e análise para aqueles que desejam trabalhar no campo da psicopedagogia da leitura, escrita e ortografia.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Como ocorre a aprendizagem da leitura e da escrita

Aprendizagem da leitura e da escrita está condicionada a diversos fatores, que poderão contribuir para um bom ou ruim desempenho da aprendizagem leitora e para o desenvolvimento eficaz da linguagem escrita. A escrita apresenta em qualquer língua aspectos da fala. A leitura deve ultrapassar a simples representação gráfica e decodificação de símbolos, é antes de tudo, uma compreensão e entendimento da expressão escrita.
O professor que trabalha com o ensino de leitura e escrita deve, primeiramente, reconhecer a estruturam e organização do sistema gráfico para criar estratégias de ensino, de acordo com sua visão profissional e também pensando nos alunos e suas necessidades, é que, podem centralizar e auxiliar seus alunos na superação de eventuais dúvidas de leitura e ortografia.
Uma das grandes preocupações é que muitos alfabetizadores não têm informação especializada para exercer bem sua função, então se deve pensar em orientações para que esse profissional busque recursos para aprimorar o conhecimento, aprender novas técnicas, pesquisar e ler materiais, livros, artigos de especialistas, que tenham uma visão geral de como ocorre os processos de aquisição da linguagem, da leitura e da escrita.
 Deve-se para tanto reconhecer a estrutura da língua e as principais dificuldades enfrentadas pelos alunos para que possam se tornar instrumentos de intervenção que possibilitem levar os alunos a superar obstáculos e construir o aprendizado.
 E isso é muito gratificante para o profissional, pois ele não se sentirá frustrado nem temeroso, mas sim, capaz de alfabetizar seus alunos, realizando um trabalho sério e bem feito, apoiado em conceitos, análises e experiências, baseando em pesquisas, utilizando assim, os melhores métodos.
Além de possuir conhecimentos referentes ao ensino da disciplina, o professor deve mostrar aos alunos que cada letra (grafema) e representada por unidades sonoras (fonemas) fato que pode dificultar a compreensão do processo de leitura.
 Criar maneiras, oportunidade, para que a criança tenha mais contato com o alfabeto, com as palavras, com os textos, pode levá-los a entender melhor a pronúncia e a escrita de determinadas palavras, que lhes causam confusão. Explicar a origem das mesmas poderá facilitar esse processo.
Mostrar que a língua possui suas regras e arbitrariedades e que será preciso memorizar algumas palavras (forma como se escreve) e em caso de dúvida, é bom ter o dicionário como aliado, poderá auxiliar no desempenho das atividades de leitura e escrita.
È importante comentar que o alfabetizador deve ter consciência em adquirir conceitos relacionados à leitura e escrita, como um processo gradual, em que os estudantes irão alcançar maturidade cognitiva em relação à linguagem. Irão ocorrer alguns erros dos alunos, até que eles por si só (com o auxílio do educador) alcancem um nível de automatização da linguagem. Caber ressaltar as afirmações da autora:
“... muitas crianças chegam a escola num estado de relativa confusão cognitiva em relação, que os objetivos da leitura, quer às propriedades formais da linguagem escrita. O sucesso da aprendizagem da leitura está condicionada pela evolução infantil deste estado de confusão cognitiva para uma  maior classificação dos conceitos funcionais e das características alfabéticas da linguagem escrita” (SILVA. 2003. p.85)
Alguns alfabetizadores ensinam as palavras através da pronúncia das mesmas, mas deve ficar claro que existem variações nas formas de falar das pessoas, ocorre variações de uma região para outra, então o interessante é relacionar letra e som exemplificando em que situações ocorrem às possibilidades de diferentes pronúncias.
Por exemplo, a palavra “mal” e “mau”, que possuem pronúncias idênticas. O alfabetizador nessa situação deve ensinar, não utilizando uma pronúncia diferente da comum, mas sim utilizando o contexto a significação para que os alunos possam aprender a diferenciar tais palavras.
 Deve respeitar as variedades lingüísticas e tomar cuidado para não cometer discriminação ou algum tipo de preconceito que poderá inibir o aluno, e não, ajuda-lo a aprender. Deve-se mostrar que existem muitas formas de falar, porém que a escrita deve ser única e segue determinadas normas.
È importante que se estimule o desenvolvimento da memória, pois existem várias regras e com algumas exceções que não se encaixam nestas regras ensinadas. Assim deve-se pensar o aluno como um ser capaz, que está em contínuo processo de desenvolvimento.
 Pode-se analisar algumas competências dos alunos através de ditado e promover uma auto-correção, ou seja, apenas sublinhar a palavra errada e pedir aos alunos que pesquisem no dicionário e reescreva corretamente. Esse processo vai permitir uma maior familiarização desenvolvimento da capacidade cognitiva
A leitura deve ser vista como um processo dinamizado pela corrente energética que perpassa todas as relações ocorridas na sala de aula, todos os alunos devem vê-la como uma forma de interação com seus colegas e com o meio. Deve-se enfatizar, no entanto, que deverá existir uma paixão lúcida do professor pela leitura e uma vontade construtiva do aluno que passará a influenciar no processo de aprendizagem da linguagem.
O trabalho com obras literárias deve facilitar o desenvolvimento das habilidades de leitura e escrita, pois a possibilidade de novos olhares e gestos de leitura pode causar transformações efetivas no trabalho escolar e de forma mais direta no trabalho com textos que interagem com o meio literário.
Através do estudo dos processos que envolvem a aquisição leitora podemos distinguir três tipos de problemas significativos na aprendizagem de leitura: as crianças que encontram dificuldades para aprender a ler, as crianças que lêem de forma passiva e as crianças que tem dificuldades na compreensão.
 Os modelos de leituras são elementos que constituem a compreensão dos processos cognitivos implicados na aquisição da literacia. Esses questionamentos são   essenciais para futuros docentes que desejam enriquecer seus conhecimentos tendo uma visão ampla e reflexiva em se tratando de formar alunos com um aprendizado mais satisfatório e eficiente.
Considerando tais fatos muitos estudiosos como Ferreiro, Downing, Chauveau e Hiebert e Raphael desenvolveram vários modelos a partir da década de oitenta, procurando inserir na aprendizagem de leitura um conjunto de fatores cognitivos, sociais e pedagógicos, levando em consideração as singularidades do código alfabético e os componentes utilizados nas atividades leitoras. Esta clareza cognitiva encara como aquisição de uma habilidade aprendizagem de leitura, igualando a situação à destreza de apreensão de qualquer outro aprendizado.
A aquisição da literacia com base nesse modelo corresponde a três fases: cognitiva, de domínio e de automatização. A primeira fase consiste na apropriação das funções e dos aspectos técnicos de atividade de leitura para as crianças, com isso, os aprendizes terão de assimilar os objetivos comunicativos da escrita e descobrir a relação que há entre a linguagem oral e escrita.
Muitas crianças chegam à escola com o que se pode chamar de “confusão cognitiva”, ou seja, num estado de não compreensão e diferenciação tanto das propriedades formais da escrita como dos objetivos da leitura. É esse estado de confusão quando evoluído que gera o bom da aprendizagem leitora, pois assim as crianças vêem de forma mais clara os conceitos funcionais e as características alfabéticas da linguagem escrita. As crianças somente alcançarão à segunda fase quando obtiverem uma representação definida da tarefa de ler.
È baseada no exercício das operações básicas da tarefa de ler até conseguir um nível automatizado que se consiste a fase de domínio. Quando as crianças atingem um nível fluente de leitura pode-se dizer que já chegaram a terceira fase ou automatização.
Oito postulados resumem esse modelo, dentre ao quais podemos destacar pontos como a escrita sendo um código visual representativo dos aspectos da fala para qualquer idioma; o processo aquisitivo residir na redescoberta das funções e regras de codificação do sistema escrito; os conceitos em relação às funções e características da linguagem oral e escrita a serem abordados pelas crianças como tarefa de aprender a ler; o alargamento da clareza cognitiva surgia a partir da acumulação de novas sub-habilidades de leitura e a teoria da clareza cognitiva ter aplicação a todas as línguas e sistemas escritos.
Inspirada nos princípios piagetianos a perspectiva psicogenética da aprendizagem de leitura atribui a criança um papel de sujeito ativo que se questiona em frente ao código escrito, ou seja, o objeto de conhecimento a quem tem acesso relativamente cedo.
“as crianças não ficam a espera de ter seis anos e uma professora a frente para começarem a refletir sobre problemas exatamente complexos, e nada impede que uma criança que cresce numa cultura onde a escrita existe reflita também a cerca desse tipo particular de marcas.”
A leitura não é um processo simples, que consiste na aprendizagem de uma série de tarefas mecânicas; é concebida como uma conduta muito complexa e elaborada, de caráter criativo na qual o sujeito é ativo quando a realizar e põe em ação todos os conhecimentos prévios neste caso do tipo lingüístico ou mais especificamente, do tipo gramatical.
 O ato de aprender a ler é sem dúvida o maior desafio que todas as crianças têm que enfrentar nas fases iniciais de sua escolarização. Isto porque o mundo que nos cerca é totalmente dominado por informações escritas. Cabe a criança superar esse desafio e desenvolver essa capacidade leitora o qual é o primeiro passo para cada criança que freqüenta a escola, seja no futuro um cidadão efetivamente livre e independente nas suas decisões.
 Com base nos estudos e investigações sobre o aprendizado da Leitura  bem como suas dificuldades encontramos alguns modelos que favorecem estratégias para o melhor aprendizado da literacia, são modelos que em sua maioria assumem a idéia de que a aprendizagem se inicia com estratégias não alfabéticas, as quais requerem a ligação na memória entre pistas visuais e palavras.
 Todos eles defendem que a compreensão infantil do princípio alfabético é o fator mais importante para se acender a uma leitura fluente. A leitura é aquela em que literalmente lemos e entendemos, ou seja, o entendimento é à base do aprendizado da leitura. Para melhor compreender, vale observar a definição do autor abaixo:
“Em contextos mais gerais, esta base do entendimento é também chamada, pelos psicólogos, de estrutura cognitiva. O termo é bastante bom, porque cognitivo significa conhecimento e estrutura implica organização do conhecimento, e isto é o que, na verdade, temos em nossas cabeças uma organização do conhecimento”. (Smith 2003 p.22)
Aprendemos a ler, através da leitura, acrescentando coisas aquilo que já sabemos. Está claro pelas afirmações acima que a compreensão e o aprendizado da leitura são fundamentalmente a mesma coisa.
Para entendermos melhor o processo de compreensão leitora, devemos considerar o que já temos em nossas mentes que nos permite extrair um sentido de mundo ou o que chamamos de “conhecimento prévio”.
Outro saber que implica numa capacidade fundamental, a competência grafo- fonética e a de decodificação. Decodificar além de requerer o desenvolvimento da reflexão e manipulação sobre a língua oral, considerando o sistema de escrita alfabético exige também, o conhecimento dos valores fônicos das letras e suas combinações.
Na descoberta e exploração textual, são necessárias dois tipos de competências básicas, as verbo-preditivas que se servem do contexto lingüístico e as textuais que controlam as estruturas e estabelecem ligações entre as partes de um texto.
Os mecanismos que constituem a compreensão leitora são estudos fundamentais para educadores quem desejam enriquecer seus conhecimentos sendo capaz de fazer a diferença no aprendizado escolar.

BIBLIOGRAFIA
SMITH, Frank. Compreendendo a leitura: uma análise psicolingüística da leitura e do aprender a ler. 4ª ed. Tradução de Daíse Batista. Alegre: Artemed, 2003